O estruturalismo entende a língua como um sistema externo ao indivíduo. Nesta teoria, os fatos externos determinam a forma como pensamos, nos relacionamos e até mesmo como nos comportamos as mais diversas situações. Segundo a o paradigma do estruturalismo já existem modelos estruturais para explicação da realidade, um sistema compartilhado socialmente por uma comunidade. Essas estruturas possuem características semelhantes e obedecem a certos princípios de funcionamento. Várias áreas da ciência aderiam o estruturalismo como concepção e método, mas cada uma com seus domínios e métodos específicos.
Segundo Martelotta (2012 p 114):
“O estruturalismo, portanto, compreende que a língua, uma vez formada por elementos coesos, inter-relacionados, que funcionam a partir de um conjunto de regras, constitui uma organização, um sistema, uma estrutura. Essa organização dos elementos se estrutura seguindo leis internas, ou seja, estabelecidas dentro do próprio sistema.”
A partir dessa definição, um grande passo foi realizado no pensamento linguístico do século XXX. Além de notáveis progressos no âmbito das ciências humanas na investigação dos fenômenos da linguagem.
Nesta abordagem, a construção da real é feita a partir de modelos explicativos chamados de estruturas. Essas estruturas constituem um sistema abstrato em que os elementos são interdependentes entre si e que permite, observando os fatos e relacionando diferenças, descrevê-los em sua ordenação e dinamismo.
O principal precursor do estruturalismo e responsável por essa ciência autônoma chamada Linguística foi Ferdinand de Saussure com sua obra póstuma Curso de Linguística Geral, publicado em 1916, sobre o qual edificou todo o edifício da linguística moderna, resultado de anotações de aulas reunidas e publicadas por dois de seus alunos: Charles Bally e A. Sechehaye. (ORLANDI, 2009: 19). Rapidamente, as ideias de Saussure se espalharam após essa publicação e tornaram-se um ponto de partida para a linguística moderna.
Saussure compara a um jogo de xadrez, onde o valor de cada peça não é determinado por sua materialidade, ele não existe em si mesmo, mas é instituído no interior do jogo. Segundo Carvalho (2012, p. 62):
“As peças de um jogo de xadrez são definidas unicamente segundo suas funções e de acordo com as regras do jogo. A forma, a dimensão e a matéria de cada peça constituem propriedades puramente físicas acidentais, que podem variar extremamente sem comprometer a identidade do sistema [..]”
Ou seja, no sistema linguístico todo elemento linguístico só tem um valor em relação a outro elemento dentro do sistema. Essas são as relações sintagmáticas e paradigmáticas que cada elemento assume em relação ao outro para constituir um significado. Dessa forma, cada um assume uma função dentro do sistema e não leva-se em conta suas acidentai formas.
O que regulamenta esse sistema linguístico são as normas que são internalizadas muito cedo e que compõe o sistema e que começam a se manisfestar na fase de aquisição da linguagem. Trata-se de um conhecimento linguístico adquirido socialmente, na relação que mantemos com os grupos sociais em que estamos inseridos.
O objeto de estudo do estruturalismo é a língua. Saussure (2006: p. 15) diz que a Linguística tem por único e verdadeiro objeto a língua encarada em si mesmo por ela mesmo. Temos, então, a limitação da ciência e da abordagem estrutural. Apesar dessa definição, para Saussure, o linguagem dever ser tomada como um objeto duplo, uma vez que o fenômeno linguístico apresenta perpetuamente suas faces que se correspondem e das quais uma não vale senão pela outra. Assim a linguagem tem um lado social, a língua, e um lado individual, a fala, sendo impossível conceber um sem o outro (MARTELOTTA, 2012 p. 116).
Com relação a aquisição da linguagem, o estruturalismo, buscou na psicologia behaviorista a explicação da aprendizagem das línguas. Onde a aprendizagem bem-sucedida é dada por meio de respostas a estímulos produzidos no meio social e por meio de repetições associadas as respostas dos estímulos:
De acordo com Martelotta (2012 p. 208):
“Portanto, a aprendizagem linguística se dá, segundo a concepção behaviorista, em decorrência da sequencia estímulo > resposta > reforço. Dessa forma, para essa concepção o meio é fundamental para a aprendizagem de todos os conhecimentos, inclusive o conhecimento linguístico.”
Podemos verificar isso quando negamos algo a criança até que ela acerte o enunciado corretor ou a pronúncia da lavra correta.
Segundo Bloomfield, a criança herda a capacidade de pronunciar e de repetir sons vocais sob diferentes estímulos, A articulação torna-se um hábito, e a criança, numa etapa seguinte, passa a imitar os sons que ouve. Ela faz associações entre sons e cosas inicialmente e, em seguida, aprende a associar uma palavra a uma coisa que está ausente. (MARTELOTTA, 2012 p. 207).
Esses estudos sistemáticos sobre o que e como a criança adquire a linguagem,existem como tais, apenas mais recente. Desde o século XX, alguns linguísticas, guiados tanto por interesse paterno quanto profissional, elaboraram diários de fala espontânea de seus filhos (MUSSALIN, 2012 p. 242).
O estruturalismo americano, especificamente Bloomfield, definiu algumas “regras” para a realização do método estrutural de forma eficaz. Segundo cita Ilari (2009 p. 395), Bloomfield defendia explicitamente que “as únicas generalizações úteis a respeito da linguagem são de ordem indutiva. Era uma forma de evitar que o linguista tentasse dominar os dados por meio de sua intuição pessoal, lançando hipóteses que, por serem de ordem mental ou psicológica, corriam o risco de ficar sem “prova”, isto é, sem confirmação empírica
.O estruturalismo influenciou bastante o campo do ensino de línguas com o desenvolvimento de vários métodos de aprendizagem baseados nos princípios da visão behaviorista da aquisição da linguagem, justamente, com sua ideia de estrutura, sistema interligados entre si. De fato, a abordagem estruturalista dentro do ensino das língua é o mais adequado para a aquisição de uma língua pois é por meio das estruturas que todo o nosso pensamento está organizado.
Oliveira (2014 p. 74-80) comenta um pouco sobre o método gramática-tradução:
“O ensino da gramática tem uma característica bem específica no método: ela é feita de forma dedutiva. O professor apresenta formalmente as regras sintáticas, sem deixar de apresentar também as exceções às regras. Depois ele aplica as regras a exemplos escolhidos para encaixarem direitinho nas regras. Em seguida, os alunos fazem exercícios de aplicação desses regras para verificarem se aprenderam e compreenderam as estruturais gramaticais e suas regras”
Esse método trabalha a estrutura da gramática para a aprendizagem de uma língua. Essa seria uma abordagem explícita pois todas as relações sintagmáticas e paradigmáticas estão expostamente evidenciadas pelo professor.
A abordagem estruturalista tem um método para tudo. Ele serve de base e de ciência-piloto das ciências humanas, conforme Orlandi (2009, p. 24), e teve muitas formas, dentre elas, o funcionalismo.
Partindo do ponto de vista segundo o qual uma estrutura é uma rede de relações, nada melhor do que ver o mundo dessa maneira. Se prestamos atenção, o mundo gira em torno de um sistema, nossas relações estão em interelação e a língua, apesar de suas modificações, obedece uma ordem estrutural.
O estruturalismo no está presente no ensino, em especial no dia língua, até hoje. Ele é suporte para vários métodos que continuam obtendo resultados positivos. É importante o professor utilizar esta abordagem para que o aluno possa internalizar a estrutura da língua alvo.
BIBLIOGRAFIA
Martelotta, Mario Eduardo (org). Manual de linguística - 2ª ed. - São Paulo - Contexto, 2012.
Fernanda Mussalim; Anna Christina Bentes. (Org.). Introdução à lingüística:domínios e fronteiras - volume 2. 8ed.São Paulo: Cortez, 2012.
Oliveira, Luciano Amaral. Método de ensino de inglês: teorias, práticas, ideologias- 1ª ed - São Paulo: Parábola, 2014.
Orlandi, Eni Puccinelli. O que é linguística. - 2ª ed.- São Paulo: Brasiliense, 2009.
Carvalho, Castelar de. Para compreender Saussure: fundamentos e visão crítica. 19 ed - Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.